O levantamento da Anac não apurou o reajuste de preços nas rotas de Minas Gerais. Mas o aumento dos valores dos bilhetes no aeroporto de Confins seguiu o ritmo do resto do país, se comparados com os preços cobrados nas passagens de ônibus, que já chegaram a custar mais do que as das aéreas. Hoje, os escassos bilhetes mais econômicos das duas principais companhias de aviação que operam no mercado doméstico (TAM e Gol) custam quase o dobro do valor das passagens de ônibus leito.
O preço mais barato encontrado no trecho de Confins para o Rio de Janeiro (Galeão), por exemplo, é de R$ 239 pela Gol, sem contar com a taxa de embarque, de R$ 19,62. É o dobro do valor da passagem de ônibus leito oferecida pela Cometa, que custa R$ 125. E esse valor de bilhete aéreo só é válido para compras com antecedência. Quem fosse olhar na terça-feira, por exemplo, o trecho Confins-Galeão para voar hoje desembolsaria, no mínimo, R$ 309.
Nos vôos para São Paulo, a situação não é diferente. O preço mais econômico da rota Confins-Congonhas é de R$ 185 pela Gol. Em alguns horários consultados terça-feira, no entanto, o preço da tarifa chegava a R$ 730 para o vôo de hoje, como o trecho com saída às 10h15 de Confins.
“Não há uma variável que justifique esses reajustes de preço. No primeiro semestre tivemos alta do valor do barril de petróleo e desvalorização do dólar em relação ao real. E muitos dos custos das companhias aéreas são atrelados à moeda americana”, afirma a economista Simone Escudêro, diretora da consultoria estratégica All Consulting. Já nos últimos dias, ela observa que a situação se inverteu. O preço do dólar começou a subir, mas o barril de petróleo caiu. Ela ressalta, no entanto, que os reajustes das companhias aéreas são importantes para manter saudável a operação das empresas.
“Os custos são muito elevados. E esse setor precisa de grande taxa de ocupação, como na alta temporada. Não está muito caro viajar de avião, antes que era muito barato”, observa Simone Escudêro. A economista não acredita em nova guerra de tarifas entre as companhias aéreas, nem mesmo com a chegada da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, prevista para entrar para o mercado de aviação nacional até o fim do ano. “Até março de 2009 a demanda vai estar muito aquecida. Não temos mais espaço para guerra tarifária”, avalia. Ela acredita que os efeitos da crise econômica só devem começar a ser sentidos pelas companhias aéreas a partir do primeiro trimestre de 2009. “Só depois disso que vamos sentir o impacto da crise no bolso do consumidor”, diz.
Concentração
As empresas aéreas alegam que a elevação das tarifas foi necessária por causa do aumento nos preços do petróleo e da alta do dólar. TAM e Gol detêm 92% dos vôos nacionais. Alguns especialistas do setor apontam essa falta de concorrência como o principal motivo para o aumento das passagens aéreas. Para que surjam novas empresas no Brasil, no entanto, é preciso que haja investimentos para melhoria da infra-estrutura dos aeroportos.
A American Airlines inaugura nesta quarta-feira o vôo direto de Miami (EUA) para Confins. A partir de quinta-feira, os vôos começam a partir do aeroporto às 23h15 e chegam à Flórida às 10h30 do dia seguinte. Serão três vôos semanais, às terças, quintas e sábados. No primeiro mês de operação, as tarifas de ida e voltam vão custar a partir de US$ 625 (cerca de R$ 1,37 mil) . Em dezembro, as tarifas passam para valores entre US$ 800 e US$ 900 (R$ 1,76 mil). Neste mês, a American Airlines também vai ampliar a freqüência para quatro vezes semanais. As operações serão feitas em aeronave 767-300, com capacidade para 223 passageiros (195 na classe turística e 28 na executiva). A expectativa da empresa é de que a taxa de ocupação chegue a 70%.
Geórgea Choucair - Estado de Minas (www.uai.com.br)
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